Ou seja a noite calma ou solto o vento ruja,
Na solitária torre uma sombra se vê:
É um pássaro funéreo, uma velha coruja,
Que a todo instante ri, mas eu não sei de quê!
Tal ave, que no agouro a todos sobrepuja,
Olha a minha janela e gargalha... Por quê?
Deseja que me oculte, ordena-me que fuja,
A fim de conjurar desgraças que prevê?
No silêncio noturno aquela voz sombria,
Aquela voz falta, que to me arrepia,
Tantas cousas me diz e não compreendo nada!
Não poderei viver velando a noite inteira:
Ou morres tu, coruja, ave triste e agoureira,
Ou morro de terror da tua gargalhada!
Júlio
Mário Salusse (Nova Friburgo, 30 de março de 1872 – Rio de
Janeiro, 30 de janeiro de 1948) foi um advogado e poeta brasileiro.
Neto de uma das primeiras imigrantes suíças, Marianne Joset, que
colonizaram Nova Friburgo, e de Guillaume Marius Salusse, oficial de
Napoleão Bonaparte. Parnasiano, notabilizou-se pela autoria de
"Cisnes", que goza até hoje de extrema popularidade.
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